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As ervas de poder são usadas
em contexto religioso devido à forma como foram
sendo estabelecidas as medidas proibicionistas originalmente
direccionadas para o ópio, as ervas de poder
normalmente usadas nas cerimónias de culto são
geralmente classificadas como estupefacientes. Contudo
poucas destas ervas de poder são verdadeiros
estupefacientes, entendidos no sentido de serem entorpecentes
ou provocarem sono. Elas são chamadas de psicotrópicos
quando produzem mudanças na percepção,
ou enteogénicos quando essas mudanças
fazem surgir um forte sentimento religioso. Uma substância
alucinógena pode conduzir a experiências
que se assemelham a psicoses e nesse caso é chamada
de psicomimética; enquanto noutras circunstâncias
pode causar uma experiência mística.
Enquanto que a maioria das ervas de poder tendem a estimular
em vez de entorpecerem a mente, alguns dos verdadeiros
estupefacientes, como álcool e ópio, estimulam
e entorpecem a mente em diferentes fases do seu efeito
físico. A maioria das ervas de poder de uso religioso
provêm de plantas, se bem que os cultos ocidentais
formados mais recentemente fizeram uso dos princípios
ativos de ervas de poder naturais em forma sintética
e de análogos sintéticos de combinações
que ocorrem naturalmente.
Das mais de 100 plantas conhecidas por terem propriedades
que interferem com a mente, mais as que são descobertas
todos os anos, apenas aqui se faz referencia a algumas
das principais ervas de poder usados por cultos. Embora
estas ervas de poder tenham uma composição
bastante variada, os seus efeitos tendem a ser semelhantes.
Fatores como: a personalidade, o estado de espírito,
expectativa do indivíduo, o contexto, a natureza
dos que dirigem, e a interpretação da
experiência, podem ter um efeito mais significativo
na experiência do que as propriedades específicas
da substância. Se bem que esse uso não
seja tão comum hoje, em alguns períodos
da história, substâncias comuns como o
álcool, o tabaco, o café, e o chá
foram utilizados em cultos religiosos.
Cogumelos
e seus derivados
Alguns índios da América Latina, especialmente
na região de Oaxaca no México meridional,
praticantes de cultos farmacológicos, utilizam
alguns cogumelos nas suas práticas religiosas.
A principal espécie é a Psilocibe mexicana,
da qual o principio ativo é a psilocibina e o
seu derivado psilocina, não diferem na sua composição
química e atividade do LSD (ácido lisérgico
dietilamida); mas sendo este ultimo sintetizado a partir
de alcalóides (principalmente ergotamina e ergonovina)
que são constituintes do morrão, presente
em cereais afetados pela doença chamada ferrugem.
O cogumelo vermelho e branco que costuma aparecer nas
ilustrações dos contos de fadas, o Amanita
muscaria (cogumelo agarico) é outro cogumelo
que tem propriedades enteogéneas que não
foram completamente estudadas. Este cogumelo pode ser
extremamente importante, já que pode ter sido
a fonte natural da bebida ritual dos antigos hindus
conhecida por soma comparada à haoma utilizada
pelos zoroasterianos (ver história do uso de
ervas de poder na religião.) Sobre o cogumelo
agárico, que é extremamente tóxico
têm sido referidas, para além das suas
propriedades alucinógenas, a capacidade para
aumentar força e resistência; e também
que é um soporífero.
Cactos
e seus derivados
Outras plantas com propriedades um pouco semelhantes
foram descobertas pelos Índios de México.
Os topos do cacto peiote, Williamsii Lophophora, podem
ser secados para formar os chamados botões de
mescal (para ser distinguido do feijão de mescal,
outra planta que se encontra na mesma região
também expansora da mente mas altamente venenosa),
que são ingeridos por grupos de índios
distribuídos pelo México, Estados Unidos,
e Canadá durante cerimônias noturnas que
foram descritas e estudadas por vários antropólogos.
O principal princípio ativo do peiote termo com
origem na palavra Nahuatl peyotl ("mensageiro divino"),
é um alcalóide chamado mescalina. Como
a psilocina e psilocibina, a mescalina é referida
como produtora de visões e outras experiências
de natureza mística. Apesar das afirmações
dos missionários e de alguns agentes governamentais
segundo os quais o peiote, é uma droga degenerativa
e perigosa, parece não existir nenhuma evidência
disso entre os membros da Igreja Nativa Americana, um
culto de índio norte americano que usa o peiote
na sua cerimônia religiosa principal. O peiote,
como a maioria das outras ervas de poder, não
é considerado viciante, e longe de ter uma influência
destrutiva, é referido pelos praticantes do culto
e por alguns observadores como promotor da moralidade
e comportamento ético entre os índios
que o usam ritualmente.
Outras
substancias enteogêneas
Os missionários espanhóis no México
durante os século XVI descreveram, principalmente
de forma pejorativa, uma outra substância enteogénica,
chamada pelos índios de Ololiuqui e altamente
venerada. O Ololiuqui foi identificado como sendo as
sementes de "morning glory", Rivea Corymbosa
(também chamada de Turbina corymbosa; o nome
também veio ser aplicado a outra "morning
glory", Ipomoea tricolor (também chamda
de. I. rubrocaerulea or I. violacea). Já que
os princípios ativos são os alcalóides
D-lisérgico e ácidos de D-isolisérgico,
as suas propriedades são bastante parecidas com
as do LSD, produzindo visões e experiências
místicas.
Durante uma das suas viagem às Índias
Ocidentais Cristóvão Colombo descreveu
o cerimonial de inalação de um pó.
A variedade principal dos variados tipos existentes,
foi chamada yopo, paricá, ou cohoba, um alucinógeno
poderoso derivado de partes da árvore designada
por Piptadenia peregrina.
Outra
substância utilizada na América do Sul,
especialmente na bacia amazônica, é uma
bebida chamada ayahuasca, caapi, ou yajé.. Entre
outras propriedades os Índios que a usam afirmam
que nas suas virtudes se incluem poderes curativos e
o poder para induzir clarividência. Existem investigadores
que confirmaram que esta bebida produz efeitos notáveis,
envolvendo frequentemente a sensação de
vôo. Pensa-se que os efeitos são produzidos
por ação de harmina que é o princípio
ativo na planta.
A bebida designada por Kava, preparada a partir das
raízes de Piper methysticum, uma espécie
de pimenta é usado social e ritualmente no Pacífico
sul, especialmente em Polinésia.
A Iboga, ou ibogaine, um estimulante poderoso e enteogéneo
derivado da raiz do arbusto africano Tabernanthe iboga,
é usado na África central pelo culto de
Bwiti.
A Coca, fonte natural da cocaína, foi utilizada
social e ritualmente principalmente no Peru.
A Datura, uma espécie á qual pertence
a "jimsonweed", e cujo principio ativo é
altamente tóxico e perigoso, é usada pelos
povos nativos da América do Sul e do Norte. No
Brasil oriental é usada ritualmente, na cerimônia
de "ajuca" do culto de Jurema, uma bebida
preparada a partir do arbusto Mimosa hostilisque que
é referida como produtora de visões gloriosas
nos guerreiros que a tomam antes de batalha.
O álcool (vinho) é usado num dos principais
sacramentos do cristianismo onde é usado na canibalização
simbólica do seu líder espiritual.
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